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O fim dos espartilhos foi uma revolução na moda e na vida das mulheres

21 MARÇO 2024    22:57

Anabela Becho

MODA, O FIM DOS ESPARTILHOS

O paradigma da relação entre o corpo

e o vestuário mudou para sempre no

início do século XX. Constrangido

durante séculos, prisioneiro de um

ideal muitas vezes próximo da

alienação, o corpo foi libertado e

assumido na sua real fisicalidade

Para Lara Torres, doutorada em Moda e professora no Departamento de Moda e Têxteis do London College of Fashion e na School of Arts, Design and Performance da Universidade de Portsmouth, também no Reino Unido, a menor representatividade das mulheres em cargos de topo na moda está ligada ao facto de vivermos numa sociedade pa­triarcal, na qual os homens detêm o poder primário. “O patriarcado está tão enraizado nos sistemas sociais que tem sido ensinado como algo natural que não deve ser mudado ou questionado. A história não é linear; houve, de facto, um período em particular onde muitas mulheres estavam à frente das grandes marcas de moda, principalmente no início do século XX. Há uma certa ausência masculina nessa época, devido ao recrutamento militar entre as duas grandes guerras mundiais, e nessa altura há também o desenvolvimento dos movimentos de emancipação feminina. Muitas vezes, a participação nesses movimentos era possibilitada pela substituição dos homens no mercado de trabalho numa série de profissões que até então eram masculinas, representando a oportunidade de autonomia financeira. Nem sempre há uma relação direta, mas eu creio que estamos a falar do espírito dos tempos — essa mudança da condição feminina foi encabeçada por mulheres muito independentes.”

Lara Torres